Por Herbert Lins
A geografia é ciência que procuro dedicar horas de leitura e estudo. Na especificidade desse conhecimento que me leva por caminhos a conhecer lugares e experiências do mundo através de informações a partir de cenários e personagens de livros, textos científicos, periódicos, revistas jornais etc.
Quem segue esse blogueiro sabe que não preciso nesse texto declarar e nem declamar o sentimento de amor e gratidão a região de fronteira rondoniense, especificamente aos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim. Pois bem, quando cheguei à Nova Mamoré, a profissão de professor levou-me a travar grandes polêmicas a cerca do futuro da região, caindo na boca do povo, que um dia esse blogueiro poderia vir a disputar o cargo de prefeito nas eleições municipais de 2008, por alguns momentos cheguei a acreditar.
Pois é, tudo ocorreu diferente, mais perguntas sobre a possibilidade não faltava. Certo dia fui ao mercado de seu Xavier e dona Cesária, um casal exemplar em Nova Mamoré, os dois sempre ali no balcão, com sorrisos estampado no rosto e satisfação de atender cada cliente que chega. Nesse dia ele foi direto ao assunto me perguntado se teria pretensão de ser candidato a prefeito sendo um forasteiro? Com um sorriso provocativo no rosto, eu disse que sim! Logo ele me perguntou o que faria como prefeito para gerar emprego? Pois já sentia os sinais do fim da atividade madeireira na economia do lugar.
Fui explicar a Xavier que a solução para Nova Mamoré e Guajará-mirim, principalmente está ultima cidade, estaria na costura, no tecido e nas habilidades com as mãos, insisti e vou continuar insistindo nessa tese. O experiente comerciante novamente riu na minha cara, afirmando que esse blogueiro era um sonhador, um visionário e nada dessas idéias mirabolantes dariam certo num fim do mundo como o qual estávamos vivendo. Assim, retomei a palavra e comecei a narrar à experiência do município de Toritama em pleno agreste nordestinho, localizado no Estado de Pernambuco.
Afirmei que nunca devemos deixar de acreditar nos sonhos, devemos dar oportunidades aos que possuem visão de empreendedor, principalmente aos políticos mais jovens que ambicionam seguir uma carreira promissora e que depende dos sonhos compartilhados com quem acredita na prosperidade e não tem medo de trabalhar. Nesse exemplo de pensar o mundo, o empreendedorismo serviu para mudar o destino de uma cidade localizada numa região do semi-árido nordestino, onde a seca predomina, de solo rochoso impróprio para criação e produção agrícola, que é comum faltar água nas torneiras nos períodos de estiagem, uma economia estagnada, assolada pelo desemprego, deixando o povo do lugar sem perspectiva e sem esperança de viver uma vida feliz.
Atentamente, Xavier e dona Cesária escutavam a tudo que esse blogueiro falava. Logo seu neto, Jânius Cleiton, meu aluno a época, pediu para continuar a explicar. Novamente retomei a palavra e continuei a falar sobre o imaginário da minha mente para o crescimento e progresso da região, que ficou fora do eixo de desenvolvimento do Estado, uma região esquecida e tida por todos como cidades de fim de linha, que nada se poderia fazer para melhorar a vida do seu povo.
Assim, afirmei que era possível fazer de Guajará-Mirim, município marcado por reservas ambientais em mais de 95% do seu território, que serve apenas como entroncamento para muambeiros, podendo investir em pequenas fábricas de confecções de malhas, moda intima feminina e masculina, o jeans, redes e mantas de algodão. Transformando o lugar num grande pólo de modas e confecção, atividade que iria absorver a mão de obra uma população sem esperança, para se tornar uma população economicamente ativa, sem miséria e com taxas de desemprego chegando à zero, além é claro, dominaria o mercado regional e fronteiriço.
Mais logo todos perguntaram de onde viria a matéria-prima e a profissionalização? Na bucha respondi que ambas as prefeituras deveriam partir para um pacto de desenvolvimento solidário, buscar apoio do Governo do Estado, apoio da bancada federal, emenda de parlamentares estaduais. Recorrer a FIERO e as Escolas do Sistema “S” e ao SEBRAE para profissionalização e, na atualidade, o próprio IFRO através de cursos técnicos voltados para corte e costura. A matéria-prima viria de pólos produtivos nas regiões vizinhas a partir dos incentivos fiscais que já existem. O algodão do nosso Estado vizinho do Mato Grosso, até mesmo do nosso Estado, é só incentivar a produção e a Lã, poderia ser proveniente dos países andinos etc.
Concluo dizendo, se tem vontade política, aliado ao desejo de fazer, é possível fazer! Pois os dois lugares têm pressa em renascer, é preciso levantar a auto-estima da população local que se encontra sem esperança, com tal iniciativa, pessoas estarão trabalhando nas pequenas fábricas têxteis, no comércio local, bancos, restaurantes, lavouras, sorveterias, lanchonetes etc. Não é sonho, é uma realidade que se pode tornar realidade. Se o sacoleiro vai comprar muamba do lado boliviano, porque não pode comprar e levar as peças de roupas como muamba para serem vendidas em outros lugares. O sonho está lançado!
Fonte: herbertlins.blogspot.com
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