Com policiais militares do Ceará em greve há seis dias, Fortaleza vive clima de pânico nesta terça-feira (03). O comércio do centro da cidade, de bairros da periferia e de áreas nobres fecharam as portas temerosos por conta de arrastões que estariam acontecendo em toda a capital. O Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE) informou que os carteiros foram tirados das ruas. Os agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), que fiscalizam o trânsito da capital, anunciaram que vão parar. Alguns postos de saúde encerraram o atendimento. Ônibus pararam de circular. Táxis são raros. E as empresas estão mandando os funcionários para casa mais cedo. Às 16h desta terça, Fortaleza estava fechada.
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Segundo o comando grevista, quase todos os 7 mil policiais militares que trabalham em Fortaleza estão parados. No interior, onde atuam outros 7 mil PMS, a adesão também é grande, de acordo com o presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar e dos Bombeiros Militares do Ceará (Aspramece), Pedro Queiroz. O governo não divulga sua estimativa sobre o tamanho do movimento. A Polícia Civil, que esteve em greve duas vezes em 2011, trabalha normalmente.
Para piorar o quadro, a reportagem não encontrou nas ruas da cidade, no centro e nos bairros, nenhuma viatura ou homem da Força Nacional ou Exército Brasileiro, chamados para fazer o patrulhamento da cidade após o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), decretar estado de emergência.
De qualquer maneira, o contingente das forças de emergência é claramente insuficiente para o tamanho da tarefa. De acordo com o Comando da 10º Região Militar do Exército, responsável pela Operação Ceará, há 813 homens do Exército e 204 da Força Nacional de Segurança Pública patrulhando as ruas de Fortaleza. Há ainda a previsão de chegada de 27 Fuzileiros da Marinha e 108 militares do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército em Natal, no Rio Grande do Norte. Porém, o policiamento diário em Fortaleza é feito por 7 mil homens da Polícia Militar. No Estado, são 14 mil. Além disso, falta equipamento.
A agência da Caixa Econômica Federal da avenida Barão de Studart estava restringindo o acesso de clientes mediante identificação. No supermercado Carrefour, localizado em frente ao banco, os acessos do estacionamento estavam bloqueados e parte das portas fechadas.
Uma casa lotérica, uma sorveteria e uma loja que funcionam no mesmo prédio do supermercado fecharam as portas por volta de 11 horas da manhã, quando começou a circular a informação de que um grupo de bandidos estava percorrendo a avenida Antonio Sales realizando uma série de assaltos. “Vimos uma correria, um helicóptero da polícia e ficamos com medo. Estamos fechando por precaução”, contou o gerente loteria, Felipe Santos. Quase todo o comércio ao longo dos quatro quilômetros da avenida Antonio Sales também estava fechado.
Foto: AE
Viaturas com pneus vazios nos arredores do quartel da 6ª Companhia do 5º Batalhão, no bairro Antonio Bezerra, em Fortaleza, durante o sexto dia de greve
No centro da capital, onde fica a maior parte do comércio lojista de rua, consumidores e funcionários de lojas estavam apreensivos. Vários estabelecimentos fecharam no início da manhã logo após começarem a funcionar nas ruas General Sampaio, Major Facundo, Senador Pompeu, Pedro Pereira, 24 de Maio e nas avenidas Tristão Gonçalves e Duque de Caxias.
Nos bairros de Fátima, Benfica e Parquelândia vários estabelecimentos também trancaram as portas por cautela diante dos supostos arrastões e assaltos que estariam ocorrendo na região.
Na terça-feira (02) o pânico ainda não havia chegado às ruas, mas nas redes sociais dezenas de pessoas relatavam vários crimes por toda a cidade como arrastões, furtos, assaltos e homicídios. O assunto apareceu no Trend Topics do Twitter como um dos dez mais comentados no Brasil.
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