A Polícia Federal encontrou em uma ação de busca da Operação Lava Jato planilhas de pagamentos da Odebrecht para cerca de 200 políticos de 18 partidos. Os repasses foram feitos nas campanhas municipais de 2012 e para a eleição de 2014. Na relação, surgem nomes de ministro do governo, senadores e deputados, todos com foro no STF. Não é possível de antemão saber se os pagamentos são doação eleitoral ou propina. Mesmo que não estejam na prestação de contas registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral, é possível que sejam as chamadas "doações ocultas", ou seja, repasses feitos aos partidos de forma legal, que depois se destinam aos candidatos. Os documentos foram apreendidos nas buscas realizadas em um endereço do executivo da empreiteira Benedicto Barbosa Júnior, o BJ, durante a 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro, que tinha como alvo principal o marqueteiro João Santana. Entre os políticos mencionados na lista, estão os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ) e o ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), que morreu em agosto de 2014. Os investigadores apuram se os repasses se tratam de uma contabilidade paralela da empresa, que foi alvo da 26ª fase da Lava Jato, deflagrada na terça-feira (22). Ainda não há uma conclusão se os pagamentos são ilícitos. As planilhas apontam também pagamentos a candidatos indicados por líderes políticos de expressão. Em arquivos da eleição de 2012, por exemplo, há itens como "indicações dep. Edinho Silva", em referência ao atual ministro da Comunicação Social, do PT, e "vereadores PSDB-SP". Também projeta pagamentos para grupos de "parceiros históricos" –relação que inclui o ex-presidente José Sarney, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros, e o senador Romero Jucá, todos do PMDB. As listas detalham ainda quanto cada empresa do grupo Odebrecht doaria para cada político. As empresas são chamadas de "sponsor" (patrocinador, em inglês). SIGILO O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sigilo dos autos que contêm as planilhas da Odebrecht com os nomes de 200 políticos. Em despacho, o juiz também intima o Ministério Público Federal que se manifeste "com urgência" sobre o envio do documento ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", afirmou o juiz. Os papéis eram públicos até a manhã desta quarta-feira (23), mas já estão sob sigilo. Na relação da Odebrecht, surgem nomes de ministro do governo, senadores e deputados, todos com foro no STF. "Em decorrência de notícias da imprensa, constato que, aparentemente, na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior foram apreendidas listas com registros de pagamentos a agentes políticos", diz Moro no despacho. "Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos", ressalta o juiz.
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