Em 50 anos, os últimos cinco foram os piores em termos de estiagem no estado. A situação mais crítica é no Agreste. A barragem de Jucazinho, responsável pelo abastecimento de 15 municípios está com apenas 1,18% da sua capacidade. Ou seja, dos 327 milhões de metros cúbicos que pode armazenar, restam apenas 3,9 milhões do volume morto. A salvação, por enquanto, está vindo da barragem do Prata, em Bonito, que tem capacidade para 42 milhões de metros cúbicos, mas está com a metade e só atende cinco municípios do Agreste.
Sem água para distribuir, a Compesa impôs um racionamento rigoroso de um dia com água e 28 dias sem abastecimentos para 12 municípios que só recebem água de Jucazinho. E o prognóstico, se não chover nos próximos dias, é de que Jucazinho secará completamente em maio. O abastecimento dependerá dos carros-pipa, uma cena que fazia parte da vida dos moradores antes de Jucazinho.
A crise hídrica traz também impacto direto na economia local. Entre as cidades abastecidas por Jucazinho estão as do polo de confecções: Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Com uma produção mensal de quatro milhões de peças, o polo concentra 18 mil empresas do segmento e cerca de 300 lavanderias de jeans para atender a produção.
De acordo com o diretor do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções de Pernambuco, Fred Maia, apesar de as empresas tentarem economizar água, cada peça de jeans, precisa em média de 100 litros na lavagem para ficar pronta e ser vendida. “O pessoal está indo buscar água cada vez mais longe a um custo cada vez maior”, relatou.
Na opinião de Fred Maia, outra dificuldade está nas feiras. “Vender a produção semanalmente exige a realização das feiras. Vem gente do Brasil inteiro comprar e não tem água nos banheiros, para lavar as mãos, receber as pessoas. Resolver esse problema requer muito dinheiro do comércio local”, pontuou.
Aluísio Moreira/Divulgação
Aluísio Moreira/Divulgação
O diretor regional do Interior da Compesa, Marconi de Azevedo, analisa que o Agreste sofre não só pela escassez de chuvas, mas pela própria geografia. A falta de um rio como o São Francisco dificulta as opções da região. A solução estrutural seria justamende a adutora do Agreste. O equipamento seguiria os moldes das adutoras do Pajeú e do Oeste, que não deixam faltar água nas torneiras do Sertão captando o recurso no Rio São Francisco. Mas obra segue em passos lentos e não tem previsão para ser concluída.
“O complemento do abastecimento vem sendo feito com caminhões-pipa. São 40 veículos circulando na região. Mas planejamos subir para 100 se Jucazinho secar”, afirmou Marconi de Azevedo. Segundo ele, os caminhões variam entre oito e 15 mil litros de água tratada, captada das estações de tratamento da Compesa mais próximas.
Barragens do Agreste em situação crítica:
Barragem Jucazinho (Surubim): Atende Bezerros, Casinhas, Caruaru, Cumaru, Frei Miguelinho, Gravatá, Passira, Riacho das Almas, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria do Cambucá, Surubim, Toritama, Vertente do Lério e Vertentes.
Volume total: 327 milhões de metros cúbicos
Volume atual: 1,18%
Barragem do Bitury (Belo Jardim): Atende Belo Jardim, Sanharó, São Bento do Una e Tacaimbó.
Volume total: 17.7 mil metros cúbicos
Volume atual: 1,95%
Barragem Pedro Moura Júnior (Belo Jardim): Atende Belo Jardim, Sanharó, São Bento do Una e Tacaimbó.
Volume total: 30,7 milhões de metros cúbicos
Volume atual: 0,46%
Barragem Poço Fundo (Santa Cruz do Capibaribe): Atende Jataúba e Santa Cruz do Capibaribe.
Volume total: 27,7 milhões de metros cúbicos
Volume atual: 0%
Barragem Tabocas (Santa Cruz do Capibaribe): Atende Toritama e Santa Cruz do Capibaribe.
Volume total: 13,6 milhões de metros cúbicos
Volume atual: 0%
Do Diario De Pernabuco
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