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27 de abril de 2016

Levantamento alerta para subnotificação de mortes por arboviroses ''Toritama''

Pernambuco confirma oficialmente que as mortes suspeitas por arboviroses já chegam a 191 neste ano, um aumento de 850% em relação ao mesmo período de 2015, quando eram 20 os casos suspeitos. O cenário, que já era de alerta, po­de ser bem pior, pelo me­nos segundo informações coletadas pela Folha de Pernambuco nos cartórios de três cidades atingidas recentemente por surtos de chikungunya, mas que também enfrentam zika e dengue.

Belo Jardim, Santa Cruz do Capibaribe e Brejo da Madre de Deus, todas no Agreste, apontam uma alta de até 100% nas emissões de óbitos entre o fim de 2015 e janeiro deste ano. Funcionários dos estabelecimentos relataram uma enxurrada de mortes de pessoas idosas, que tiveram registro de quadro de virose anterior, mas que a causa da morte não havia sido completamente esclarecida.

“Tivemos muitas mortes no cartório. A maioria das pessoas com mais idade de 75 a 90 anos. Eram pessoas que já tinham alguma doença e com a chikungunya agravou-se aquele quadro. Nas causas da morte não vem a chikungunya. Neste ano, em fevereiro, a gente teve umas 15 mortes nesse estilo. Mas de fevereiro até hoje já são umas 25 as­sim”, contou a assistente de cartório Thaís Santos, 21 anos, que trabalha no registro civil em Brejo da Ma­dre de Deus.
A cidade é a segunda em incidência por dengue, segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas também enfrenta a circulação das outras enfermidades transmitidas pelo Aedes aegypti. O cartório do centro de Santa Cruz do Capibaribe também relata crescimento fora do padrão nos registros de óbito. Lá eram em média 25 certidões mensalmente, mas a partir de novembro o número dobrou. Em novembro foram 57, em dezembro 56 e em janeiro 34.

Já em Belo Jardim, a média mensal, que era entre 30 a 40 documentos emi­tidos, saltou para 80 no começo de 2016. Não há oficialmente morte confirmada por qualquer uma das arboviroses nesses municípios. Até agora os óbitos confirmados estão espalhados por Caruaru (uma morte por dengue), Recife, que tem sete mortes por chikungunya, e Jaboatão dos Guararapes, Igarassu, Vitória de Santo An­tão, Timbaúba e Toritama, com um registro por chikungunya cada.

Dados gerais de certidões de óbitos oficialmente lavrados em Pernambuco mostram um crescimento geral no Estado. Segundo a corregedoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foram 3.508 óbitos lavrados em dezembro de 2015, 4.315 no último mês de janeiro e 4.973 em fevereiro. O diretor de Controle de Doenças e Agravos da SES, George Dimech, destacou que as notícias da relação entre esse aumento de mortes gerais no Estado com a chikungunya estão sendo investigadas.

A apuração ainda está em curso, mas já traz alguns alertas, que devem mudar a atenção nos cuidados. “O que preconiza as discussões que estão acontecendo na Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e no MS é que quanto mais novos os pacientes, principalmente perto do nascimento, e quanto mais velhos, pela questão das morbidades, maior o risco de agra­vamento e risco de mor­te”, comentou.

A força tarefa que investiga o “boom” de mortes por arboviroses e também se propõe a fazer uma revisão de casos que não estão nas estatísticas oficiais, mas que ficaram sem esclarecimento. Para tanto é preciso saber se há alguma alteração de padrão que possa justificar esse quadro. “Muitas dessas reações tem a ver com o perfil da população. Que envolve o perfil clínico - o que nós temos de comorbidades - e envolve até o perfil imune da população - a questão genética. Porque a reação ao chikungunya pode ser uma resposta imunológica ou pode ser um efeito direto do vírus”, especulou.

FOLHA PE .COM.BR
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