Quando vão embora de um município em que acabaram de explodir uma agência bancária para levar dinheiro de caixas eletrônicos e cofres, as quadrilhas que tocam o terror no interior de Pernambuco deixam duas coisas. A primeira, e mais palpável, é a destruição, aliada ao sentimento de medo na população. A segunda chega a doer até mais no povo, humilde em sua grande maioria: o drama da privação de serviços básicos, como o recebimento do próprio salário ou de benefícios como aposentadoria. O caso mais recente de explosão a bancos – e um dos mais brutais, pelo poder de destruição – foi em Condado, na Mata Norte. A agência foi roubada no último dia 12, e os bandidos deixaram pouca coisa de pé. Equipamentos que ficaram, como aparelhos de ar-condicionado e impressoras, foram saqueados pelos moradores. “Chega dá vontade de chorar. Não sei como eu vou fazer para receber minha aposentadoria, meu filho”, diz Elza Mercês Gomes, de 76 anos, com os olhos marejados. Nascida e criada em Condado, ela não tem quem a leve para outra cidade quando for o dia de receber o salário mínimo que ganha como benefício. “Meus filhos trabalham, eu ainda não sei nem onde vou poder receber”, lamenta.
Sem dinheiro circulando nas cidades, o comércio definha. Em Macaparana, na Zona da Mata Norte, onde a agência do Banco do Brasil foi explodida no dia 6 de abril, comerciantes estimam em 30% suas perdas. No dia em que a reportagem esteve na cidade, o dono do supermercado que fica em frente à agência, Eduardo Machado, tinha aberto o estabelecimento às 6h30. Eram 10h30 quando a entrevista com ele foi feita. “Até essa hora, só vendi uma pasta de dente e dois rolos de papel higiênico”, conta, desolado. “O prédio é da minha família, por isso eu não pago aluguel. Se não fosse isso, eu já teria fechado as portas”.
Em Machados, no Agreste, a comerciante Valdilene Dias chegou a ser feita refém durante um assalto ocorrido ao BB no último dia 5. Desde então, ainda não renovou o estoque do bar que mantém em frente à agência. “Não que tivesse muito dinheiro, mas o pouco que tinha está parado”, reclama.
Proprietário de uma farmácia que fica ao lado Banco do Brasil de Bom Jardim, Joaquim Preto lamenta a queda brusca no movimento do comércio da cidade. “Sem chute, deve ser de 50%. Na semana seguinte à explosão do banco, todos os dias pareciam feriado”. A agência foi roubada no último dia 3 e ainda não foi reaberta. O representante comercial Alexsandro Gomes atende a dez cidades da Zona da Mata e do Agreste. Oito destas estão sem agência bancária devido às explosões. O atendimento termina se afunilando na unidade de Limoeiro. “Dá para fazer uma fila com gente de cada cidade”, diz.
O Banco do Brasil não informa sobre o cronograma de reabertura das agências avariadas por roubos no Estado. Por nota, a assessoria de comunicação da instituição, em Brasília, afirma que “avalia constantemente a implementação de novas soluções de segurança para sua rede de agências”. Entre as medidas adotadas pela instituição, ainda de acordo com a assessoria, estão os terminais de autoatendimento com tecnologia de entintamento de cédulas, cofres com dispositivos de dilaceração e entintamento e abertura remota. “Além desses equipamentos, o Banco possui central de monitoramento 24hs com a finalidade de detectar as ocorrências e acionar a polícia com rapidez”. O Banco do Brasil adota ações de parceria com os organismos policiais no sentido da elucidação dos incidentes de segurança dos quais tem sido vítima e não divulga os valores subtraídos.
Do Diego Nigro/JC Imagem
JC Online
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