Na eleição ao governo de São Paulo, em 1998, Paulo Maluf era a personificação do oponente ideal. Dono de uma insuperável rejeição entre os paulistas, Maluf batia todos os adversários no primeiro turno, mas – era sabido de antemão – o candidato seria presa fácil na segunda etapa do pleito. Quem conseguisse superar a barreira do primeiro turno e conquistasse o direito de enfrentá-lo no segundo, saborearia os louros da vitória. Não deu outra. Mário Covas, do PSDB, foi eleito governador na disputa derradeira contra Maluf com 9,8 milhões de votos – 55% a 44%. O ex-presidente Lula caminha para ser o Maluf de 2018. Levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito com exclusividade para a ISTOÉ revela que o petista é rejeitado por 55,8% da população. Por isso, Lula tem tudo para personificar o adversário dos sonhos num segundo turno. Ou seja, aquele moldado para perder, a despeito de ser o único praticamente assegurado numa segunda fase da eleição – claro, se conseguir escapar da condenação e homologar sua candidatura.
O mais surpreendente, no entanto, no levantamento da Paraná Pesquisas, é que Lula não é o único a assumir essa condição de possível “candidato destinado à derrota” num segundo turno. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o deputado Jair Bolsonaro (PSC) também são potenciais candidatos a experimentar o mesmo infortúnio. Alckmin registra 54,1% de reprovação, enquanto Bolsonaro 53,9%. Ou seja, mesmo numa hipotética disputa de segundo turno em 2018 contra Lula, hoje o nome mais rejeitado pela população, tanto Alckmin quanto Bolsonaro correm sérios riscos. “Se Lula, Alckmin e Bolsonaro não conseguirem reduzir a rejeição, dificilmente ganham a eleição de 2018. E se Alckmin ou Bolsonaro forem os adversários de Lula num segundo turno, tudo pode acontecer. Até a vitória de Lula”, afirmou Murilo Hidalgo, diretor do instituto. O QG do governador tucano tem um motivo extra para preocupação. A pesquisa apontou um desastroso desempenho de Alckmin no Sudeste, região onde ele deveria nadar de braçada: apenas 10,6% declararam apoio a ele.
DORIA (PSDB) rejeitado por 42,2% - O prefeito de São Paulo, João Doria, é hoje o tucano com maiores chances de derrotar Lula nas urnas
1 de 6 DORIA (PSDB) rejeitado por 42,2% - O prefeito de São Paulo, João Doria, é hoje o tucano com maiores chances de derrotar Lula nas urnas
ALCKMIN (PSDB) rejeitado por 54,1% - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem um desastroso desempenho no Sudeste
2 de 6 ALCKMIN (PSDB) rejeitado por 54,1% - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem um desastroso desempenho no Sudeste
MARINA SILVA (REDE) rejeitada por por 46,3% - A ex-senadora Marina Silva também tem rejeição alta, mas menos que Lula e Alckmin
3 de 6 MARINA SILVA (REDE) rejeitada por por 46,3% - A ex-senadora Marina Silva também tem rejeição alta, mas menos que Lula e Alckmin
CIRO GOMES (PDT) rejeitado por 50,2% O ex-ministro Ciro Gomes é uma das opções da esquerda
4 de 6 CIRO GOMES (PDT) rejeitado por 50,2% O ex-ministro Ciro Gomes é uma das opções da esquerda
Numa disputa contra Lula no segundo turno, Bolsonaro teria 32,3% e o petista 38,7%
5 de 6 Numa disputa contra Lula no segundo turno, Bolsonaro teria 32,3% e o petista 38,7%
JOAQUIM BARBOSA (sem partido) rejeitado por 42,3% - O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa tergiversa quando perguntado sobre uma eventual candidatura
6 de 6 JOAQUIM BARBOSA (sem partido) rejeitado por 42,3% - O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa tergiversa quando perguntado sobre uma eventual candidatura
O peso da rejeição
O menos rejeitado da lista de sete presidenciáveis, segundo o instituto Paraná Pesquisas, é o prefeito de São Paulo, João Doria. Perguntados se votariam em Doria para presidente do Brasil, 42,2% responderam “não”. O tucano também é o menos conhecido entre todos os nomes elencados: 15,4% disseram não conhecê-lo suficientemente para opinar. Além de Doria, Alckmin, Bolsonaro e Lula, o levantamento incluiu os nomes de Joaquim Barbosa, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) na hora de aferir a reprovação. Cabe lembrar que os índices de rejeição são determinantes para definir o resultado do segundo turno das eleições, que é quando o pleito assume um caráter quase que plebiscitário. Por exemplo, com Lula na segunda etapa da eleição, a população vai escolher se quer ou não ele de volta à Presidência da República. Se mais de 50% o reprovarem, como já indicam os números do instituto Paraná Pesquisas, ele pode até conquistar a vaga no segundo turno, como Paulo Maluf em 1998, mas não vence as eleições. A não ser que os adversários sejam Alckmin ou Bolsonaro, cenário em que o jogo estaria totalmente embolado.
O instituto Paraná Pesquisas não se limitou a medir o grau de aversão aos candidatos. Para tentar identificar quem potencialmente pode vir a encarnar o anti-Lula, aquele com mais condições de derrotá-lo, o levantamento fez a simulação de “Lula contra todos” individualmente. Neste cenário, os mais bem sucedidos foram Jair Bolsonaro e João Doria, com 32,3% e 32,2% respectivamente – situação de empate técnico. Em seguida apareceram Joaquim Barbosa (31,1%), Marina Silva (29%) e Alckmin (26,9%). A exemplo do que ocorria com Maluf, em 1998, Lula também supera os adversários nas pesquisas de segundo turno – o “fator rejeição” em geral se faz menos presente nesse tipo de simulação. Como Lula, Maluf também demonstrava não só musculatura eleitoral como favoritismo nos levantamentos prévios de segundo turno. Quando a disputa foi para valer, à vera, por assim dizer, a rejeição se impôs e inviabilizou suas chances de vitória.
Nos levantamentos de primeiro turno, realizados pela Paraná Pesquisas, Lula lidera com 26,1% no cenário em que o candidato do PSDB é Geraldo Alckmin. Em segundo lugar, aparece Bolsonaro com 20,8%, Joaquim Barbosa 9,8%, Alckmin 7,3%, Marina Silva 7%, Ciro Gomes 4,5% e Álvaro Dias 4,1%. Quando o candidato tucano é João Doria, o petista toma a dianteira com 25,8%, seguido por Bolsonaro com 18,7%, Doria 12,3%, Joaquim Barbosa 8,7%, Marina Silva 7,1%, Ciro 4,5% e Álvaro Dias 3,5%. O instituto ouviu 2020 pessoas estratificadas segundo sexo, faixa etária, escolaridade e posição geográfica entre os dias 24 e 27 de julho. A margem de erro é de 2%. Como falta mais de um ano para a eleição, a sucessão presidencial está em aberto – indicam os números. Ainda estão rolando os dados.3030
DA ISTUE
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